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A ORIGEM DA CAPOEIRA SEGUNDO AS OPINIÕES DOS MESTRES

Segundo Mestre Pirajá, a capoeira surgiu nos Quilombos para sua própria defesa e forma de preparar os seus guerreiros para a luta contra os invasores, como tambem para as investidas nas fazendas para resgatar os negros que lá se encontravam ainda sub-julgados pelos seus feitôres. Quanto a forma de luta, teve influência a vários tipos de movimentos de danças africanas e dos nativos brasileiros, como a dança da zebra ou N'Golo de origem do povo “Mucope” do sul de Angola, que ocorria durante a “Efundula”(festa da puberdade), onde os adolescêntes formavam uma roda ; com uma dupla ao centro desferindo coices e cabeçadas um no outro, até que um era derrubado no solo, essa luta é oriunda das observações dos negros, dos machos das zebras nas disputas das fêmeas no periodo do cio, onde os machos lutam com mordidas, cabeçadas e coices. Com a “Revolta dos Malês”, na Bahia formada pelos negros Malês em 25 de fevereiro de 1835, que foi reprimida pelos portugueses, que castigaram mutilando os líderes, e enviando um navio para a àfrica e outro dos rebeldes para a América Central. Em Cuba e Martinica os Malês fundiram-se com os negros dos canaviais dando origem ao “Mani” em Cuba e a “Ladva” em Martinica.
O N'Golo levado pelos angolanos para o Quilombo de Palmares fundiu-se com o Maraná surgindo a Capoeira. Segundo cartas do jesuita Antônio Gonçalves para os seus superiores de Lisboa em 1735, descreve que quando missionário em Angola junto ao povo Mucope onde teve o privilégio de assistir uma dessas manifestações culturais, a “dança do N'Golo”, e que a mesma não tem nenhuma aparência com a Capoeira chamada Angola. Mas sim! Descreve que observou uma luta que os indios praticavam antes de qualquer conflito, em forma de roda, dois a dois usando os braços, pernas, cotoveladas, joelhadas, e usando todo o corpo como armas ( Convento de Santo Inácio de Loyola, anais das missões no Brasil. Tomo III pág. 128).
O escritor Holandês Gaspar Barleus descreve no livro “Rerum Per Octenium in Brasil-1647, a luta dos índios tupis praticada no litoral brasileiro” chamada de Maraná, luta de guerra, só existem dois exemplares, um no EUA e outro no Brasil.
O cronista alemão Johann Nieuhoff descreve em seu livro “Crônicas do Brasil Holandês” de 1670 a luta do Maraná assim como será descrito à seguir.



Maraná


As cartas do escrivão Francis Patris, que acompanhava o cortejo do príncipe Mauricio de Nassau durante a invasão Holandesa, descreve entre muitos obstáculos para ocupação do território brasileiro a resistência dos habitantes do Brasil.
Negros comandados por Henrique Dias, portugueses por Vidal de Negreiros, Índios Potiguares comandados por Felipe Camarão, o “Índio Poti”. Esses índios usavam durante o confronto, além de flechas, bordunas, lanças e tacapes, os pés e as mãos desferindo golpes mortais, destacando-se por sua valentia e ferocidade. Pertencia a cultura potiguara a dança e guerra Maraná, que avaliava o nível de valentia de seus guerreiros. Em círculos os guerreiros com perneiras de conchas compunham um compasso ao bater com os pés e as mãos, invocando seus antepassados, acompanhado das batidas dos atabaques feitos de troncos de árvores com pele de Anta, chocalhos e marimbas, em quanto que dois gerreiros se confrontavam ao centro da roda com golpes de pernas, cotoveladas e movimentos que imitavam os animais.

Comentários

  1. Divulgarei seu blog para todos meus alunos um grande Mestre não pode ficar so ou esquercido no tempo quero saber de toda sua historia e um dia em meu evento o senhor vai ser muito bem lembrado por todos e quero tambem fazer uma homenagem vc merece Mestre.

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  2. Salve a Capoeira! Obrigado Mestre Paulomola, por suas palavras de incentivos,o que mim deixa bastante feliz por ter acreditado na Arte da Capoeira, o mesmo o senhor tenhe feito, e é por Mestres que tenhe êsse mesmo pensamento que a Capoeira jamais irar morrer! Nossa unica Arte genuinamente Brasileira já estar com quase 500 anos.

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  3. pai vc e melhor do mundo,pois senhor esta sempre te protejendo,nos te amamos eu e seus netinhos

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  4. Sapiente Mestre Pirajá,
    Saudações cordiais e desde já reafirmo sincera estima pelo amigo.
    Parabéns pelo vosso blog. O senhor, com a gentileza característica de sempre, nos oportunizou espaço público em âmbito virtual de inconteste relevância para a memória da capoeira. Memória materializada através de uma de suas principais referências, ou seja, o senhor. Destarte, desejo muita saúde, oportunidades e reconhecimento em cada gingado pelas rodas da vida.
    Cordialmente,
    Prof. Henrique Kohl “Tchê”-PE

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  5. http://moraingy-malgache.blogspot.com.br/
    Nesse link explica-se basicamente que foram trazidos ao Brasil pessoas da Ilha São Lourenço como escravas (costa de Moçambique), essas pessoas trouxeram uma luta ancestral que se disseminou entre tradições do continente africano também trazidas ao Brasil, essa mistura culminou no que chamamos de capoeira.
    Ilha São Lourenço é um nome antigo de Madagascar e a luta era a diamanga, a população de Madagascar é composta de uma grande parcela de bantus moçambicanos, mas as primeiras pessoas que povoaram a ilha vieram da Malásia, a diamanga está ligada ao silat melayu que também possui similaridades com a capoeira. Portanto, além de ter uma herança africana adquirida não só no Brasil como no próprio Madadagascar, a capoeira compartilha um berço longínquo nas tradições indianas, nas quais pode-se rastrear as raízes do kung-fu, carate, silat, etc.
    O savate se desenvolveu nas ruas francesas, mas nasceu nos convés dos navios, fruto da observação de marinheiros europeus sobre culturas asiáticas, em portos países como Malasia.

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